Gonzalo Vilariño: Joguei futebol durante toda minha vida e a educação física sempre me encantou, principalmente a parte de competição e de alto rendimento. Não teve um fator específico para que eu estudasse isso, simplesmente me interessou desde criança.
BP: Como você foi parar na seleção argentina de futebol de 5 para cegos?
GV: Foi por acaso, consegui um emprego em um instituto para cegos e aí haviam garotos jogando futebol. Como eu já trabalhava na seleção argentina de remo, fiz a proposta de levar o futebol de cegos ao alto rendimento, que era o que eu mais gostava.
BP: Qual história de um atleta que mais o surpreendeu? Lembra de alguma frase dele?
GV: Todos me surpreenderam, todas as histórias são incríveis. Silvio,particularmente, foi uma referência para o futebol de cegos em nosso país, tem uma grande família e é um exemplo. Um dia driblou um adversário e eu perguntei como ele havia feito aquilo sem nunca ter visto como se fazia e ele respondeu: “o futebol não se vê, se sente.”
BP: De onde surgiu o apelido “murciélagos”?
BP: Quais são as principais regras do futebol de 5?
GV: Há algumas regras que o diferencia do futebol convencional, é preciso dizer a palavra “vou” antes de ir marcar um rival e o goleiro, por enxergar, não pode jogar fora da área. Fora isso, é muito parecido com o futebol que todos conhecemos.
BP: Quais foram os principais títulos e competições conquistadas pelos “los Murcielagos” e como você se sente ajudando esses atletas a realizarem seus sonhos?
GV: Com “los Murciélagos” ganhamos dois mundiais e duas medalhas paralímpicas. Para mim, foi um grande desafio e um orgulho muito grande poder acompanhá-los nesse processo. São uma fonte de constante motivação para nos animar a lutar e alcançar os nossos sonhos. BP: Como é a rivalidade Brasil x Argentina nesse esporte?
GV: Nesse esporte a rivalidade entre nós é grande, já que somos os países com mais conquistas a nível mundial. Mas essa rivalidade nunca se transformou em violência, sempre teve respeito e solidariedade entre as duas equipes. Somos rivais e amigos ao mesmo tempo.
BP: Você mudou de esporte para o futebol em cadeira de rodas motorizada, também conhecido como power soccer. O que te motivou a isso e como foi a adaptação a esse novo esporte?
BP: Qual sua expectativa para participar como técnico de mais uma copa do mundo, agora como técnico do Power Soccer?
GV: A expectativa é ganhar experiência e fazer um bom papel, para saber o quão distantes
estamos das melhores equipes desse esporte. Além disso, pretendo disfrutar a magia que é participar de um mundial.
BP: Quais são seus objetivos para o futuro?
GV: Não tenho planos para o futuro que sejam diferentes do que eu estou fazendo agora; trato de aproveitar esse momento e seguir aprendendo com os jogadores de power soccer, que todos os dias têm algo novo para me mostrar. São um modelo de perseverança e atitude frente às adversidades e ser parte disto me faz muito bem.BP: Mande um recado para as pessoas com deficiência que querem começar um paradesporto.
GV: O esporte é uma oportunidade de compartilhar o dia-a-dia com outras pessoas, permite maior independência em suas vidas e dá mais liberdade. Além de proporcionar o quadro ideal para se superarem, se divertirem, se esforçarem, festejar e serem solidários. O esporte faz a vida melhor e isso é para todos, independentemente de terem deficiência ou não.
Sem sombra de dúvidas, Gonzalo Leandro Vilariño é uma lenda do paradesporto argentino e não é por acaso. O Blog do Paradesporto agradece pela entrevista.
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